No De Rerum Natura tem sido debatida a questão, nova entre nós, mas já com alguns episódios nos EUA, do evolucionismo vs criacionismo. Esta ideia de ensinar factos pseudo-científicos em aulas de ciências é completamente absurda e desadequada. É-o tanto como seria explicar a ressurreição de Cristo ou a subida de Nossa Senhora ao céu com uma teoria científica. No entanto, de tempos a tempos surgem conflitos entre ciência e alguns fundamentalistas da religião. Ciência e religião são intrinsecamente diferentes e partilham espaços distintos; a ciência ocupa-se do estudo dos fenómenos naturais, observáveis, procurando estabelecer relações entre eles; a religião é uma das várias âncoras em que podemos encontrar sentido para a existência humana. A religião vive da fé e é dogmática. A ciência, por seu turno, jamais pode explicar o facto de estarmos aqui e sermos capazes de reflectir acerca disso. Mesmo que se estabeleçam em detalhe os mecanismos de funcionamento do cérebro humano haverá sempre algo intangível e que não faz sentido. Ainda que a ciência nos diga que somos máquinas e reagimos a estímulos de forma previsível, maquinalmente, faltará sempre a justificação para a sua criação. E se depois de tudo se argumentar que essas máquinas evoluíram do macaco e o macaco do Big Bang, ainda assim faltará um porquê, uma razão, um motivo.É estranho que está questão se tenha colocado de forma tão acesa nos EUA, um país que possui as melhores universidades do mundo e que deve, em grande parte, a sua hegemonia mundial a enormes avanços científicos. Para isso deve haver várias razões, mas aquilo de que não duvido é que substituir Darwin nas aulas de ciências por uma qualquer crença representa um retrocesso civilizacional, um regresso ao obscurantismo. O surgimento de movimentos extremistas e fundamentalistas, um pouco por todo o mundo, e um certo comodismo da razão fazem-me temer que estejamos a caminhar para uma época das trevas.
1 comentário:
Comparar Darwinismo e Criacionismo, colocá-los lado a lado, no contexto de uma Faculdade de Ciências Naturais é, mais que um equívoco, um erro grosseiro.
Ainda que a comparação seja um mero exercício de retórica, não deixa de ser uma negação da ciência tal qual a conhecemos. A discussão sobre o Criacionismo, por se tratar de uma crença que não tem qualquer substrato científico, não pode fazer-se numa Faculdade de Ciências Naturais, muito menos no âmbito de uma discussão sobre "Onde começa e onde acaba uma teoria científica”
Enviar um comentário