Antes de emitir qualquer opinião sobre este assunto, e porque as opiniões são também fruto das vivências e das situações, convém dizer que sou professor profissionalizado, com uma curta experiência no ensino, e que neste momento não estou, por opção, a exercer a actividade. Sou agora, em relação às últimas polémicas na educação, mas espectador do que actor.
Aquilo que conheço da educação em Portugal é suficiente para perceber que nem tudo está bem, tal como já não estava antes da actual ministra tomar posse. Já várias vezes ouvi que, apesar da percentagem do PIB que Portugal gasta em educação ser superior à de muitos países europeus, os resultados são maus. Também compreendo que a educação de um povo é uma “pescadinha de rabo na boca” no sentido em que pais com deficiente formação e educação criarão, com alta probabilidade, filhos com problemas comportamentais e de aprendizagem que, por sua vez, mais tarde serão pais... Ora, daqui ressaltam duas ideias: 1º este ciclo só poderá ser revertido com um sistema educativo eficiente. 2º os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos.
É por isso que defendo a avaliação dos pais pela sociedade e, obviamente, na linha da frente dessa avaliação deverão estar os professores. Claro que os professores deverão também ser avaliados pelos pais, mas, somente pelos pais que cumpram os requisitos de participação na vida escolar dos filhos, indo à escola quando tal for solicitado. Não consigo conceber a ideia de um pai que vai à escola apenas uma vez no ano e, ainda assim, avalia o professor. Como não conheço os detalhes da nova lei sobre este assunto não posso dizer se ela é inteiramente satisfatória ou não. Mas, em termos genéricos, advogo o princípio de que todos devem ser avaliados por todos. Para além do mais, acho que a avaliação dos professores pelos pais só vai contribuir para o reforço do prestigio social dos professores, que tem andado um pouco por baixo.
Este debate sobre a avaliação dos professores é, apesar de toda a crispação, essencial, porque até agora essa avaliação, depois do ingresso na carreira, na prática não existia, o mesmo é dizer, todos os professores ascendiam ao topo da carreira se leccionassem o número necessário de anos e frequentassem as acções de formação (algumas de qualidade muito duvidosa, diga-se). Portanto, a primeira questão que deveria ser colocada é: Os professores devem ser avaliados no exercício das suas funções? Se sim, por quem? Aqui surge a segunda grande questão sobre a qual queria reflectir: o estabelecimento da quota máxima para a ascensão ao topo da carreira. No fundo o reconhecimento que uns terão mais mérito que os outros, que não são todos iguais e que o subir na carreira implica trabalho e esforço. Isto é claramente positivo, benéfico para a sociedade como um todo, pois a carreira de cada professor será assente no mérito e no seu reconhecimento.
PS. Em relação aos exames nacionais de Física e Química, houve bastante trapalhada. Talvez ainda aborde esse assunto em posts posteriores.
2 comentários:
Uau!
Uuuu-a-uuuuuuu...a sério!
Jorge a Ministro, porque eu nunca ouvi um professor falar sobre estas coisas com este distanciamento, sobriedade, justiça e coerência!Sim senhor!Tou deserta para ler a tua opinião sobre as macaquices dos exames de Fisica e Quimica...coitadinhos dos meninos. São sempre vilipendiados!Eu fi-los, os exames, só tive uma oportunidade e safei-me!!
Concordo com a avaliação generalizada e democrática. Mas pouco mais se sabe sobre os parâmetros de avaliação, facto que só tem contribuído para aumentar a temperatura a um sector quase em ebulição... Todos os sindicatos dos professores unem-se, o que não acontecia, penso eu, nos últimos 25 anos. Aqui, a união não só não faz a força como reforça a percepção de que muitos encaram todo o processo como uma afronta, uma ameaça a um sistema demasiado protector e desigual na uniformização de carreiras. Acho que vamos conversar sobre isto durante muitos mais meses... Felizmente, digo eu!
Enviar um comentário